21.4.07

Teoria da Treta

(Publicado a 20 de Janeiro de 2007, às 17h08.)
Saudações caros leitores!

Volto, uma vez mais, para vos tentar… Tentar impingir uma qualquer teoria da treta. Nada nos conforta mais que ler algo que achamos tão ridículo e inútil. Faz-nos sentir que não somos da mesma forma, que não nos igualamos a tal calamidade.
Não obstante às vossas opiniões, retomei a escrita para vos agradecer os comentários, para vos esclarecer algumas dúvidas e, claramente, para vos tentar… Sim! Que a tentação é do melhor que há.
Sem pudor, meus caros amigos, sem pudor!
Como vêem, desta vez “falo” só para vocês. Expus o que penso na edição anterior e voltei por vocês… Mentira! Voltei porque há muito mais que quero mostrar (pois o egoísmo é muito feio! Ah, ah, ah.!!!) e, já agora e porque não, como prometi, venho numa tentativa de vos arrancar esses “bichinhos” – esses pequenos parasitas que, sem permissão, habitam os vossos frágeis espíritos - que vos andaram a enfiar nessa cabeça. Abram essas mentes e entrem… A porta está só encostada e não há nenhum cão que vos vá morder (animais estúpidos esses)… Talvez um ser bem mais horripilante, “who knows?” MUAHAHAHAH!!!

Antes de mais, quero deixar bem claro que não me podem julgar pelas minhas palavras. Ninguém me conhece e não sou eu que falo. Limito-me a ser a portadora da palavra de um ser que vive no anonimato, daí que qualquer comentário à minha imagem será ignorado. O que diz respeito à minha pessoa fica na minha pessoa e APENAS na minha pessoa.

Vou dar início ao esclarecimento dos comentários. Começo por ordem, para ninguém se chatear… Assim sendo:
Sim, os sentimentos são sensações, desejos, vontades, enfim, tudo o que lhes quiserem chamar. São sim sentidos – como queiram… - mas lá está. Queiram! É ao querer que nos devemos render. Tal como a felicidade é apenas fugaz – um momento feliz – a infelicidade também o é. Não existem tais conceitos, pois esses não passam de momentos felizes e infelizes. Tudo acaba por ser passageiro e, mesmo que seja imaginado e fantasiado pelo nosso inconsciente, devemos prestar-lhe a devida atenção. Não digo para ignorar o que sentem, mas interpretem de outra forma, só isso!

Infelizmente não é possível “falar” de outra pequena teoria, não da minha autoria, mas igualmente interessante, sobre a dor e a perda. No entanto, a dor, neste ponto de vista, é o desprazer que sentimos quando algo ou alguém nos baniu certa fonte de prazer – sejam humana ou material… se bem que nós, humanos, também não passamos de matéria, mas lá está, fica para a próxima. Peço imensa desculpa por este meu erro!
A pena… Que palavra horrível! Lamento, mas esta não existe no meu dicionário. Mesmo assim, vou tentar direccioná-la à teoria. Essa funciona como a dor e todo e qualquer “sentimento” que considerem negativo. O nosso instinto de posse, quando contrariado, gera uma série de respostas sensoriais, às quais nos leva a determinados actos, atitudes e sensações. O ódio, a raiva, a pena, a dor, a perda… tudo isso são o espelho da contrariação e do recalcamento sofrido pela alma, que deixou de sentir prazer…

Sim, são necessários alguns conhecimentos de biologia, filosofia, psicologia e muitos outros… que, infelizmente, nem todos têm acesso.
Definições abstractas, sim, é isso! Definições abstractas adquiridas para que nos possamos compreender e viver em sociedade. A comunicação tornou-se indispensável e foram-se formando palavras. Foram atribuídos diferentes termos para os vários tipos de prazer e todos consistem no mesmo, apenas com nomes diferentes. O importante é que consigamos chegar a essa conclusão por nós mesmos, sermos independentes! No entanto, continuam a ser uma criação do homem, tal como Deus e tudo o que é imaginado e não real…
Encarar a morte! Outro grande desafio à humanidade. (Este comentário tem tudo, como já tinha referido… é que nem sei bem o que acrescentar…)

Os “laços entre as pessoas” são criações da magnífica necessidade do homem, mas não me vou estar a repetir. A fundamentação de um “pensamento coerente e reflectido” não se baseia, nunca, apenas na experiência. Sermos capazes de pensar por nós próprios e tentar, e porque não, elaborar teorias, por muito extravagantes e grotescas que sejam, são criadas porque esse acto nos transmitiu, ou ainda transmite, prazer.
Citar Alberto Caeiro é sempre uma atitude de génio e, além de condizer com a teoria, deve gerar uma grande fonte de prazer a quem o citou e a quem leu…

Os sentimentos não existem! São apenas metáforas do prazer. Prazer esse não só sexual! Existe prazer em tudo o que qualquer humano faz. A necessidade que o homem (sim, não acho que nós, reles humanos, sejamos dignos de um “h” maiúsculo) tem em acreditar em algo não material – não palpável, nem visível aos olhos – é simplesmente frustrante. E supérfluo! Baseia-se numa tentativa de desculpar todos os seus erros, quando não os consegue explicar. Crer em algo do género requer uma mente dedicada à fé. Qualquer dogma, crença, mito… não passa de um empolgante escudo, trunfo que se acredita que, no futuro, seja útil ao fatídico destino que nos espera. O medo entranha-se nas mais fracas almas e, julgam estas, estar destinadas a um purgatório. A inquisição deve lembrar-lhes isso, tal é o pavor ao Inferno. Precisam de ser crentes num Paraíso (cito o Inferno e o Paraíso com maiúsculas, porque, apesar de igualmente ridículos, estes sim são conceitos muito bem elaborados e dignos de uma estrondosa imaginação) para que vivam na esperança de um dia serem compensados pelo bem que fizeram e não julgados pelo mal… que sabem eles ser este muito maior!

“You all want to be fooled!”

Há que resistir! Há que lutar por algo verdadeiramente importante e deixar de lado a ideia de que se tivéssemos a oportunidade de viver num Universo Paralelo (outro conceito digno da minha admiração… genial!), tudo seria diferente e melhor. Não existe tal coisa e há que assumir os erros e aceitar as consequências destes.
Os sentimentos não passam então disso. São meras crenças em elevados platonismos, de que nunca poderemos usufruir no presente. Pode-se assumir como sendo apenas outros termos para o mesmo conceito, e talvez sejam mesmo isso, mas não nos deixemos render ao ilusório!
A fantasia é bonita, mas apenas nos alimenta a alma e o corpo tem as suas necessidades impregnadas inconscientemente. O amor não passa do mais puro prazer, mas o ódio e todos os outros também o são.
A fantasia é bonita, mas fica-nos tão mal!
Os danos que a humanidade tem provocado na Terra já deveriam chegar para despertar todas estas almas adormecidas pelo sonho. Há que acordar e direccionar estes olhos para o que realmente interessa.
Não tento personificar os sentimentos, tento apenas que os vejam de outra forma. Dar-lhes tanta importância acaba por banalizá-los e, com certeza, ninguém quer que tal aconteça. Talvez tenham servido apenas para nos entendermos uns aos outros sem ser preciso o diálogo – porque esse requer um dom não comum a qualquer mortal e do qual eu não possuo-o – a palavra – como podem “ver” e constatar. Durante tanto tempo nos alimentaram, não os podemos banir assim sem dó nem piedade.
A sociedade precisa dos sentimentos e só assim se conseguirá permanecer em comunidade. A observação é fundamental, ver para além do óbvio, deixar de vaguear de olhos vendados. É como um bom filme. A sua mensagem nunca é explícita e só os bons observadores a entendem. Se esta for de compreensão directa, perde todo o seu esplendor. É a mais despretensiosa e singela expressão da palavra, do que se sente (chamem-lhe sentimentos, se assim o desejarem e se, só assim, obtiverem prazer!), tal como qualquer tipo de arte: a pintura, o cinema, a fotografia, a escultura, a escrita… constituem a libertação mais genuína do que se passa cá dentro, a exorcização de todas as sensações que ocupam o nosso intelecto. Quem viver noutro mundo nunca entenderá. Não significa, no entanto, que esteja errado. Apenas não vê através do mesmo ponto de vista, se bem que não é qualquer um que é capaz de captar a essência da palavra e da mensagem que está a ser transmitida. É indispensável que nos deixemos levar pela impetuosa invasão, ver através das metáforas e não deixarmos que, apenas o que nos rodeia, nos penetre.
A mensagem subtilmente escondida é a mais sincera. Quebrar o mistério de tudo isso acaba por decifrá-la de qualquer maneira. A procura é essencial ao ser humano e consiste num dos seus muitos instintos animais. Por isso, cada passo em falso, cada aproximação ao abismo, cada balançar da corda bamba, cada erro deve ser encarado com dignidade e nunca mais esquecido, para que não se
volte a repetir. Não se esqueçam que o nosso subconsciente é perito em recalcar o que não nos interessa!

Cometam loucuras!

E porque não? Mas aprendam com as consequências!



A consciência, que nos distingue dos demais animais, serve para isso mesmo
- para sermos capazes de reter informação que consideremos útil e não nos limitarmos a andar por aí a deambular como se tudo nos fosse indiferente. Todos temos um papel fundamental na sociedade e cada voto e opinião contam. Há que se ser capaz de criticar a sociedade e, principalmente, auto-criticarmo-nos.
E achariam que fugi ao tema se tudo isto não servisse de “apoio” à teoria do Prazer. Não apelo ao uso da razão em vez do coração, mas sim à rendição ao prazer – esse sim é o que nos conduz, o que move este corpo! Por muito mágico ou cor-de-rosa que o Mundo nos pareça, ele na realidade não o é! Os sentimentos foram criados, única e exclusivamente, para nos iludirmos. Caímos nessa tentação, mas somos superiores a isso. Lutem com dentes e garras pelo que desejam, pelo que anseiam possuir, pelos vossos sonhos e fantasias, pelo que realmente vos move, pelo que, sem darem conta, vos transmite um imenso prazer, mas lutem! Mexam-se!
Deixo, uma vez mais, uma passagem de alguém que se igualou a tantos outros génios:

“Um dia talvez compreendam que cumpri, como nenhum outro, o meu dever nato de intérprete de uma parte do nosso século; e quando o compreenderem, hão-de escrever que na minha época fui incompreendido, que infelizmente vivi entre desafeições e friezas, e que é pena que tal me acontecesse.”
in “Livro do Desassossego” by Bernardo Soares

Se isto não vos ilustra a teoria, então dou por terminada a minha missão. Não agradeço a atenção, pois só a cedi a quem a aceitou de livre e espontânea vontade…
E porque o PRAZER… Esse! Esse foi todo meu!

"O entendimento do que digo cabe aos que a minha pessoa desconhecem, aos que ocultam a imagem exterior. Boa noite!"

3 comments:

Anonymous said...

A tua teoria, como já te tinha dito na altura em que ma "mostraste" está totalmente correcta, mas, e não é por mal, se não me engano esqueceste.te de uma coisa um tanto ou quanto fundamental. Isto é, aquilo que nos distingue dos animais, ou seja, a capacidade de pensar/raciocinar.
Não digo que toda a gente o faça, mas aquilo que maioritariamente nos move são coisas que pensamos estarem correctas mesmo que para outras pessoas não o estejam.
Não sei se concordarás quando o digo, mas todos nós agimos por impulsos, o que nos distingue dos animais é que nós pensamos nos mesmos antes de os levarmos a cabo.
Um cão tem amor incondicional pelos donos, ou seja, a sua incapacidade de pensar demove.o a adorar aquele que lhe proporciona conforto. Nós, humanos, não somos assim porque por vezes batemos a porta áqueles que nos querem bem. A nossa capacidade de pensar reflecte.se na nossa habilidade em conviver com as outras pessoas. A um cão dá prazer estar com aqueles que dele tratam. Não pensa, age!! Nós, seres racionais, limitamo.nos a exteriorizar aquilo que achamos mais correcto no momento, mesmo que por vezes não seja aquilo que nos dê mais prazer.
Esta ideia suponho que um pouco contra a tua teoria.
Não creio que sejas incompreendida, apenas acho que certas pessoas poderão não estar aptas, talvez, a ouvir aquilo que tu tenhas a dizer. Não creio também que agir como um mártir dê o prestígio necessário a esta teoria.

Sei que este comentário já vai muito atrasado no tempo mas só agora é que realmente me interessou saber aquilo que se passou na minha "ausência".

32-16

Lucífera said...

Bem vejo que continuo a "espalhar a palavra" continuamente. É bom saber que ainda existem cabeças pensantes nesta imensidão de gente.

Lucífera said...

Lapso meu! "continuo...continuamente."