21.4.07

Família, Morte e Felicidade

(Publicado a 13 de Abril de 2007, às 17h34.)

Caros leitores,
Desta vez falo apenas a quem interessou os dois últimos posts. Portanto, se não és uma dessas pessoas, então queiras fazer-me um favor de ir ler algo que te interesse em vez de andares aqui a perder tempo!!!
Bem, contando que apenas os dedicados, e eventualmente algum curioso, estejam a ler a partir daqui, cá vou eu aventurar-me em mais uns conceitos muito próprios (digamos assim).

Há alguns meses, decidi expor o que pensava sobre determinado assunto, nomeadamente a muito controversa “Teoria do Prazer”. Volto agora, e não porque prometi, para delinear mais umas arestas que ficaram algures perdidas e esquecidas na balbúrdia do texto. Prezando a liberdade de expressão, pretendo apenas dar a conhecer, uma vez mais única e exclusivamente, o meu ponto de vista. No entanto, apelo ao não conformismo. Há que ter cabeça para pensar por nós mesmos! Não se deixem influenciar pelas “frases feitas”…

“Nothing is in the mind that does not pass throught the senses.”
by Aristoteles


Que esta frase fique, por mais uns minutos, cravada nas vossas memórias, pois mais tarde a noção de sensações será referida no texto e também ela está relacionada com esta mesma citação.

Tema de alguma polémica, talvez maior que a do primeiro post, é o facto de nos serem impingidos os sentimentos praticamente desde que nascemos. Tudo começa na infância, quando nos impelem à “família”. Quem se atreve a dedicar um pouco do seu tempo a este conceito, com certeza que reparará que a família consiste numa pessoa, ou num grupo de pessoas, que nos acolhe desde que nascemos e à qual ficamos eternamente gratas. Não será uma exagerada semelhança entre “amor” e profunda gratidão? Afinal, quem seríamos nós se tivéssemos outra família? Seríamos pessoas diferentes?
Com certeza que sim! As influências seriam outras e grande parte de uma pessoa provém do relacionamento com a sociedade, estando a outra parte presente em nós desde que nascemos, sendo portanto geneticamente impossível alterá-la.
A “família” pode nem sempre pertencer à nossa árvore genealógica, mas possuir o mesmo significado. Assim sendo, porque dedicamos nós tanto à “família”? Não é natural que todos tenhamos progenitores? Mas porque havemos de os “amar”?
Para deixar bem claro, acredito que o “amor” que dedicamos à nossa família provenha de uma concepção dogmática que os nossos antepassados encontraram para satisfazer o prazeroso momento de criar uma vida. Propagando a espécie, procriando como animais que somos, o Homem sente-se útil e, uma vez mais, sente prazer com isso. Acha então que deve ser compensado e agradecido por tudo isso. Senão, como explicar o facto de os progenitores (em muitas espécies) abandonarem as crias logo à nascença? E como explicar o facto, ainda mais curioso, do macho que é morto pela fêmea logo após a cópula?
Aqui está uma forma muito eficaz de provar como temos consciência e é ela que nos diferencia dos restantes animais: O que sentimos quando alguém que nos transmite prazer de alguma forma sucumbe para o outro lado? Porque nos entristece a morte? Será o pavor de tudo que é eterno?

“What to say of it? What to say of CONSCIENCE grim, that spectre in my path?”
by Chamberlayne in “Paranóia”

“Que dizer disso? Que dizer da implacável CONSCIÊNCIA, esse espectro no meu caminho?"
(Não fui eu que escrevi “CONSCIÊNCIA” com maiúsculas, já estava assim na própria citação, tal como a tradução também não é minha.)

O Homem tem a perfeita consciência de que a morte é eterna, irreversível, e isso assusta os mais fracos, que constituem a maioria, infelizmente. Talvez muitos não devessem ter consciência (e muitos parecem mesmo não tê-la) e quiçá não seriam mais felizes? “Ignorance is bliss.” E outra apologia à consciência foi também deixada pela questão colocada no primeiro post.
A eternidade pode ser vista como uma funesta realidade, mas será porque é a consciência que nos leva à culpa? Será da responsabilidade da própria culpa tudo que sentimos com a morte?

“Dicebent mihi sodales, si sepulchrum amicae visitarem, curas meas aliquantulum fore levatas.”
by Ebn Zaiat


“Diziam-me os companheiros que se visitasse o sepulcro da minha amiga sentir-me-ia aliviado de parte das minhas culpas.”

(A tradução não é minha, estava nas “Histórias Extraordinárias” de Edgar Allan Poe, tal como a maioria delas.)
Sinceramente, a minha pessoa não possui qualquer receio perante essa senhora – a Majestosa! – mas a maioria sim. Porquê? É simples! Basta imaginar alguém que requer dinheiro para sua satisfação pessoal. Essa pessoa morre de medo de perder a sua fonte de prazer – o dinheiro. Se este acaba, é lógico que se deixe ir abaixo. O mesmo se passa quando algum ente querido se vai. Talvez esta comparação angustiante entre o dinheiro e um ente querido não seja a mais apropriada, mas para quê complicar? Pensar em algo mais parecido dá no mesmo, basta deixar de lado a preguiça, reflectir sobre isso e facilmente chegar-se-á à mesma conclusão que com o dinheiro.
Outro conceito muito errado, vago, equivocado e desprezado por mim, é o conceito de felicidade. A felicidade é momentânea e não passa de uma sensação. Quando o senso comum usa o termo “felicidade”, está a referir-se a algo eterno, a uma forma de estar na vida e tal coisa não existe. Talvez seja esta a única fantasia eterna para o Homem da qual não tem medo. Portanto, chamando o nome que quiserem chamar, o importante é atribuir um significado correcto, ou seja, o essencial é imputar um sinónimo do que vemos como “felicidade” e não deixar que a nossa mente se renda aos demais.
Assisti a uma parte de um programa que estava a passar naquela pequena caixa – aquele antro de perdição – repleta de cores, enquanto fazia zapping. Sem espanto da minha parte, não é que a ciência, representada por um doutor conceituado (cujo nome não interessa, mas posso sempre indicá-lo a quem desejar. E não interessa porque qualquer pessoa tem a perfeita noção do que ali foi dito.), comunica que existem quatro elementos essenciais a um animal. E são eles: dormir, comer, beber e sexo!
Mas por favor, quem já não conhecia tal realidade? O que me espantou foi o facto de esse senhor ter proferido estas palavras e ainda vincar que são também essenciais para perder peso, eheheh!!! É verdade! Não é que este assunto me interesse, mas parece que se tivermos uma vida satisfeita, as nossas hormonas e o nosso organismo funcionarão na perfeição e tal permitir-nos-á ter uma vida equilibrada. A apresentadora lembrou-se então de perguntar: “E então as mulheres solteiras fazem como?” E o doutor: “Pois, podem sempre dormir mais.” Eheheh! Acredito, mas assim não me parece que emagreçam muito, mas enfim.

Onde quero chegar não está relacionado com isto, mas sim com a circunstância a que me levou à “Teoria do Prazer”. Como animais racionais que somos, é óbvio que necessitemos de beber, dormir, comer e reproduzirmo-nos. Onde está a surpresa nisto? Sem estes quatro elementos, a nossa espécie já estaria extinta e não teríamos chegado até aos dias de hoje. Considero, portanto, que estes constituem as 4 principais fontes de prazer. Quanto ao sexo, que tantos insistem em automaticamente ligar directamente ao prazer, quem não tem a possibilidade de obter prazer dessa forma tenta substituí-lo por outra fonte. Mesmo que esta não seja melhor, desde que nos satisfaça, é o que interessa. O importante é a nossa satisfação pessoal, sem nunca prejudicar os outros.
E cá está mais uma muito boa citação – as frases feitas, essas nefastas orações! – que tão bem reflecte o que acabou de ser lido por vós:

“Ser, por si, unicamente UM para sempre, e único.”

by Platão in “O Banquete”
(Mais uma vez, o “UM” já estava assim no livro, logo não é de minha autoria o exagero nas maiúsculas.)
Em suma, tudo se resume ao prazer que o próprio Mundo nos transmite e, se não fosse pela nossa completa entrega ao desejo, à vontade e aos mais profundos e inconscientes caprichos não teríamos interesse pela vida. Seríamos fracos! Como já foi referido no primeiro post, Deus constituiu para mais uma dessas necessidades intrínsecas, uma concepção criada para satisfazer certas vontades – um perfeito dogma. Senão, reflictam:

“And the will therein lieth, which dieth not. Who knoweth the mysteries of the will, with its vigour? For God is but a great will pervading all things by nature of its intentness. Man doth not yield himself to the angels, nor unto death utterly, save only through the weakness of his feeble will.”

by Joseph Glanvill


“E ali jaz a vontade que não morre. Quem conhece os mistérios da vontade, com a sua força? Pois Deus não é mais que uma imensa vontade que penetra todas as coisas, pela natureza do seu empenho. O homem não se rende aos anjos, nem à morte se entrega inteiramente, a não ser pela fraqueza da sua débil vontade.”
(Uma vez mais, a citação não foi traduzida por mim, pois também estava no livro do grandessíssimo Poe.)

É com um imenso prazer que me despeço novamente, não prometendo nunca voltar, pois só voltarei se for essa a MINHA vontade, simplesmente se EU tiver o desejo que tal aconteça.

"O entendimento do que digo cabe aos que a minha pessoa desconhecem, aos que ocultam a imagem exterior. Boa noite!"

8 comments:

Anonymous said...

(Postado a 14 de Abril de 2007, às 14h25.)

Criticas Negativas:
1-Não se deixem influenciar pelas “frases feitas”… Se as frases feitas forem frases coerentes e com as quais concordas porque não deixar-se influênciar?
2-“Nothing is in the mind that does not pass throught the senses.” - Porquê a merda do inglês? O Português é tão bonito...
3-Acho que estás demasiado ligada a um estilo (de escrever) que não me parece seja o teu...em algumas partes foges a isso e o texto parece mais coerente...
4- "Quanto ao sexo, que tantos insistem em automaticamente ligar directamente ao prazer" Andas a ter mau sexo...
5- " É com um imenso prazer que me despeço novamente, não prometendo nunca voltar, pois só voltarei se for essa a MINHA vontade, simplesmente se EU tiver o desejo que tal aconteça." ?! pressões externas?!
6 - "Deus constituiu para mais uma dessas necessidades intrínsecas, uma concepção criada para satisfazer certas vontades" Quando estiveres no inferno a gente fala...
7- "O entendimento do que digo cabe aos que a minha pessoa desconhecem, aos que ocultam a imagem exterior. Boa noite!" - Podias ter dito isto no inicio...assim não tinha que ler tudo...

SSaudações André (Nazione)

Anonymous said...

Chiça moça, quem te viu e quem te vê....

Nazione said...

Estás a ver rapariga, este blog é muito melhor, até em termos visuais...

Lucífera said...

Quem me viu, com certeza que não me viu com olhos de ver.

Sim, realmente tens razão.

Thanks!

Paulo Montenegro said...

Aumenta só um pouco o tamanho de letra, por favor...

E usa o tipo Verdana, é visualmente mais agradável.

Lucífera said...

Oh amigo, eheh. Eu uso o que quiser e se mudar de letra, será somente por minha causa.

Anonymous said...

Lá está!!
Os grandes pontos pelos quais todos nos devíamos reger!! Comer, beber, dormir e sexo.
Todos os animais se regem por isso menos nós, humanos! Poderias ter posto aí um ponto a falar da "criação" como medida introdutória à ligação com a tua teoria. No entanto, também acredito nisso. Todos nós nos devíamos reger por tal, mas criámos tudo o resto (necessidades, sentimentos, sensações, "deuses") para acreditarmos em algo que não podemos controlar. Todo o ser humano sente necessidade de acreditar em algo que não pode controlar, à semelhança da sua fonte de prazer. Independentemente de qual esta seja!!
Ah! E realmente o aspecto visual do teu blog é horrível. Eu sinceramente gostava de conseguir ler melhor, mas não mudando não há muito que se possa fazer.

32-16

Lucífera said...

Há muitos de nós que se regem apenas por instintos. Os que não o fazem vivem num mundo ilusório, confuso e facilmente influenciável.
São escolhas que se fazem. Há que estar atento ao que nos rodeia.